terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Infância passada...


Sinto falta daquela criança que outrora fui... daquelas férias em família em que saíamos de casa de madrugada, cheios de sono... O meu irmão a resmungar que não lhe apetece levantar... a minha mãe, atrasada, a trancar a porta e a lembrar-se que falta qualquer coisa (que afinal nem era importante) e a ir novamente dentro de casa. O meu pai a passar-se porque estamos atrasados 4 minutos e nós já enroscados naquela manta vermelha (porque apesar de ser verão, é madrugada e está frio =P).
O que são 4 minutos senão o tempo que perdi tanta vez na partida para a aventura, para mais uma viagem fantástica organizada pelo mestre... quase sempre recusando-se a ir para onde mais queríamos... nós aborrecidos... e afinal grande sucesso!
Guardo no peito as memórias que agora ninguém me pode tirar, mas também não as pode transformar em realidade novamente. Castelos, museus, praias, hotéis, apartamentos, palácios, parques de diversão, paisagens aborrecidas, outras comoventes... Sinto saudades de caminhar 2km por um trilho de terra batida para ver as ruínas de um castelo à beira lago (3 ou 4 pedras restavam =P) e de me rir no final. De gozar com a minha mãe por querer escalar um monte de saltos altos... de me portar bem para ter direito a uma noite de Pizza, de algodão doce ou a um saquinho com 10 Gomas e os meus irmãos a uns torresmos.
Sinto falta dos tempos em que o meu pai brincava comigo no nosso colchão insuflável no mar, quando nos ajudava a cavar o fosso à volta do castelo de areia ou dos lanches-piquenique que fazia... Daqueles almoços de Sábado de salada e salsichas fritas quando a minha mãe ia trabalhar. Dos dias em que acordava com dores de barriga e eu me deitava um minuto enquanto ele me fazia massagens para passar...
Sinto saudades de quando te vinhas despedir para ir trabalhar e eu estava nervosa com um teste e tu me apertavas o braço com força e dizias "coragem, vai correr tudo bem!". Quando ele se orgulhava com os meus testes... quando não queria nada vir aos meus saraus de ginástica mas lá vinha só para eu não dizer que ele só gostava do meu irmão e dos jogos dele. Quando vinha a muitas terras ver os meus concertos ou festivais da canção... estava lá quando eu queria brilhar...
E agora o brilho acabou... a juventude passou... e a responsabilidade chegou... para me acordar.


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